O dedo no gatilho

Que bom seria alvejar uma linda margem cristalina de uma bela e rara nascente ao topo de uma encosta.
Qual será a inveja de um atirador ao saber que na luneta de uma lente fotográfica está aquilo que lhe é mais desejável: a vida?
Acredito ser raro - para não dizer nunca – encontrar um membro entre alvejadores mortais que possua em sua orgulhosa coleção de fotos, uma linda e colorida recordação fotográfica daquele ser vivo “aqui jaz” degustado ou apenas largado ao tempo e ao vento.

Quem sabe...
Levo ao conhecimento dos meus filhos a grandeza da fotografia de um lindo cogumelo no campo, na grama. De uma linda paisagem florida por pássaros, e cores nas árvores e arbustos. Faço perceber que ali na máquina vai ficar o momento registrado para sempre, não precisando tirá-lo dali ou encerrar aquele processo natural da vida.
Deixo aqui uma posição contra o desarmamento, sendo a favor, sim, da educação séria e de responsabilidade. Nela - educação - os espertos encontram desvios que levam ao gatilho fatal. Mas dela, verdadeiramente nasce um futuro cativante, de alma gentil e capaz de trazer em uma linda fotografia, tudo aquilo que de belo permanecerá viva.O dedo busca na máquina o gatilho que aciona o poder do registro.